segunda-feira, 28 de novembro de 2011

TAMBOR DE MINA

A origem do nome vem da importância que o instrumento – Tambor - tem nos rituais afro-brasileiros e da denominação dada aos escravos africanos trazidos da costa leste do Castelo de São Jorge da Mina (onde atualmente encontramos a Republica de Gana), Togo, Benin e Nigéria, que também eram conhecidos como mina-jejes e mina-nagôs.

Essa religião é voltada para a ancestralidade, sendo iniciática e de transe ou possessão.

Nas doutrinas mais tradicionais, a iniciação é demorada, com discrição no recinto dos terreiros e não havendo cerimônias públicas. Poucos integrantes recebem os graus elevados ou iniciação completa. Em alguns recintos sagrados do culto somente os mais graduados podem penetrar. O transe, durante os cultos, é percebível às vezes, apenas por pequenos detalhes das vestimentas dos médiuns.

A discrição existente tanto no comportamento quanto no transe é uma característica marcante no Tambor de Mina, o que leva muitos considerarem como a “maçonaria dos negros”.

Em muitas casas, no inicio do transe, a entidade dá muitas voltas ao redor de si mesmo, no sentido contrário ao dos ponteiros do relógio, talvez para firmar o transe, numa dança de bonito efeito visual. Normalmente quando o médium entra em transe recebe um símbolo, como uma toalha branca amarrada na cintura ou um lenço, denominado pana, enrolado na mão ou no braço.

Existem dois modelos principais de Tambor de mina no Maranhão: mina jêje e mina nagô.

O primeiro parece ser o mais antigo e se estabeleceu em torno da Casa grande das Minas Jêje, não possui casas que lhe sejam filiadas, daí porque nenhuma outra siga completamente seu estilo. Nesta casa os cânticos são em língua jeje (Ewê-Fon) e só se recebem divindades denominadas de voduns, mas apesar dela não ter casas filiadas, o modelo do culto do Tambor de Mina é grandemente influenciado pela Casa das Minas.

Os voduns da Casa das Minas, de quem se conhecem os nomes de aproximadamente sessenta, agrupam-se em três famílias principais e duas que são hóspedes da casa, a saber: a família real de Davice, a que pertence o vodum dono da casa, Zomadônu e outros, que como ele são relacionados com a família real do Daomé, como: Dadarrô, Docú, Bedigá, Sepazin, Agongônu, Toçá, Tocé, Jogorobossú; a família de Quevioçô (dos voduns chamados nagôs), como Badé, Sobô, Lôco, Liçá, Averequête, Abê e outros; a família de Dambirá (que cura a peste e outras doenças), chefiada por Acossi Sakpatá e que incluí entre outros Azíli, Azônce, Polibojí, Lepon, Alôgue, Ewá, Bôça e Boçucó. Existem ainda voduns agrupados na família de Aladanu, hóspedes de Quevioçô, como Ajaúto e Avrejó e da família de Savaluno, hóspede de Zomadônu, como Agongonu e Jotim. Cada família ocupa uma parte específica da casa e tem cânticos, comportamentos e atividades próprias. Na Casa das Minas as vodunsis só recebem um vodum e só dançam quando estão com ele. Durante o transe os voduns não comem, não bebem, não satisfazem necessidades fisiológicas, cantam e dançam com os olhos abertos, conversam entre si e com devotos, dão conselhos e alguns gostam de fumar.

Na mina-jeje os toques são realizados por três tambores com couro numa só boca (hum, humpli e gumpli), batidos com a mão e com aguidaví. São também acompanhados pelo ferro (gã) e por cabaças pequenas revestidas de contas coloridas. Nas festas as vodunsis em transe, usam saias lisas na mesma cor ou estampada, blusa branca rendada, toalha branca bordada amarrada no seio ou na cintura, guias e rosários de miçangas pequenas coloridas em que predominam o marrom (gonjeva), carregam na mão um lenço branco pequeno e usam sandália. Algumas usam símbolo do seu vodum, como bengala, rebenque, guizos, lenço colorido no ombro e cabelos soltos.

Já o mina-nagô, que é quase contemporâneo e que também continua até hoje é o da Casa de Nagô, localizada no mesmo bairro (São Pantaleão) a uma quadra de distância.

Na Casa de Nagô as vestimentas são semelhantes as da mina-jeje, bem como características gerais da iniciação e de discrição no culto. Nos toques canta-se em nagô para voduns jejes (Doçu, Averequete, Ewá, Nanaburuku, Légo Xapanã) e orixás nagôs (Ogum, Xangô, Badé, Lôco, Iemanjá) e em português para as entidades gentis e caboclos (Dom Luís, Dom João, Dom Sebastião, Tio Zezinho; Rei da Turquia, Caboclo Velho, Princesa D’ Oro, Guerreiro, Mariana, Manuelzinho, João da Mata e muitos outros).

Nas demais casas de tambor de mina do Maranhão, difundiu-se o modelo da Casa de Nagô. Cultuam-se voduns, orixás e caboclos. Cantam-se em nagô e também em português. As vodunsis recebem um ou dois voduns principais e vários caboclos. Os toques são sobre dois tambores (abatás) com couro nas duas bocas, deitados sobre cavaletes, acompanhados pelo ferro, uma cabaça grande e várias pequenas.

No Tambor de Mina quase 90 por cento dos participantes do culto são do sexo feminino, sendo assim pode-se perceber que existe um matriarcado nesta religião. Os homens desempenham a função de tocadores de tambores ou abatazeiros, e algumas atividades como o sacrifício de animais e do transporte de certas obrigações.

fonte: http://www.girasdeumbanda.com.br/tambordemina.asp

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